Sobre o amor e suas particularidades

Estive pensando esses dias sobre as reviravoltas da vida, sobretudo aquelas relacionadas aos sentimentos. Tanto se fala sobre a importância de amar e ser amado, mas nunca somos questionados se de fato sabemos o que o amor representa. Entre todos os demais sentimentos, o amor é aquele mais puro, sincero e sublime, não tem data, local, nem horário para ser despertado.

O amor é como um elástico: quem soltar primeiro vai machucar o outro lado. É um sentimento que exige imersões profundas, porém exige cautela. Claro que o amor advém de outros sentimentos, como a amizade, mas atenção: nunca confunda os dois, isso trará grandes consequências.

Ao compartilhar os sentimentos com outra pessoa, é importante que o vínculo estabelecido seja construído mutuamente. É como se o amor fosse uma balança, a qual deve sempre estar em equilíbrio. Por isso, nunca alimente o amor de alguém se você não está disposto a colaborar com esse balanço.

O amor, para que aflore em sua mais perfeita forma, exige sinceridade, respeito, diálogo e cumplicidade. O amor dispensa mentiras, omissões, fingimentos e falsidades. Tudo perdoa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.

É engraçado olhar para trás e recordarmos de momentos que podíamos descrever como sinceras representações de que estávamos amando e sendo amados e que, pela intensidade dessas afirmações e desses momentos, pensávamos que seria por toda a eternidade e que nada romperia esse vínculo tão profundo. O grande problema social é que muitas frases do tipo “eu te amo muito e para sempre” estão sendo proferidas deliberadamente, descartando o peso, a força, o vínculo e a importância que palavras assim criam. Lembre-se: o que para você é uma gota de água, para o outro pode ser um oceano.

Sempre fui muito intensa em minhas decisões e relacionamentos, algo que me trouxe muitas coisas boas, mas também me fez alimentar falsas expectativas. Sempre encarei o “sim” como “sim” e o “não” como “não”, mas descobri que não podemos esperar isso de uma sociedade tão líquida e efêmera, a geração do “talvez”. O que falta no ser humano é empatia, altruísmo e intensidade. Ainda falta uma reflexão muito pertinente: eu gostaria que fizessem isso comigo?

O tempo passa, as pessoas mudam, a vida avança. As coisas parecem sair dos eixos e o amor não caminha conforme nosso coração projetou. O amor é um sentimento tão precioso e particular que a sua verdadeira versão não acaba nunca, independente do tempo, da rotina, das obrigações, das amizades e de outras mudanças em nossas vidas. O grande desafio da contemporaneidade é encontrá-lo em sua forma verdadeira.

Sabendo dessa intensidade do amor, não sejamos rasos e superficiais com esse sentimento. O verdadeiro amor é um presente raro e caro, demandando devido valor e respeito por tamanha preciosidade.

Ouçamos o nosso coração. Se houver a verdadeira intenção de que a semente do amor germine e dê frutos, devemos sim retribuir com as expectativas criadas por esse relacionamento que está surgindo, mas, se não houver essa intenção, não alimente expectativas e não deixe o tempo passar fingindo que tudo está bem: você poderá ferir o coração de alguém que apenas depositou confiança em seu “amor”.

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